quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A primeira vez

  A iniciação sexual (a famosa “primeira vez”...), para a maioria das pessoas, é uma situação de ansiedade, acompanhada de excitação, euforia e medo. Ela pode representar o amor, o afecto, a ternura e a preocupação com o outro, mas pode, também, ser fonte de sentimentos de frustração e de desilusão. Ninguém esquece a primeira relação sexual, porque normalmente fazem muita “fantasia” e criamos muita expectativa de como vai ser esse momento.
  Isso acontece com os homens e com as mulheres (embora, na nossa sociedade, as pessoas pensem que os homens devam sempre saber tudo, ter experiência e não ficar ansiosos, o que é um absurdo que não corresponde à verdade!). Tanto os homens como as mulheres sentem, sim, esta ansiedade pelo desconhecido (ou pelo conhecido através dos outros amigos, o que é ainda pior).
O primeiro passo para assumir uma relação sexual é conhecer o próprio corpo e descobrir a sexualidade do outro através da troca de experiências, afecto e carinho, O namoro ou “andar com” serve exactamente para esse conhecimento afectivo e sexual, os beijos, as carícias nos seios e nos órgãos genitais fazem parte dessa descoberta. Não esquecer que, até que ambos os jovens se sintam preparados para assumir uma relação com penetração, a satisfação pode obter-se mediante o uso das mãos e da masturbação um pelo outro ou cada um separadamente.
 Para parceiros que estão prestes a manter a primeira relação sexual, é importante que haja diálogo sobre:
             Se querem mesmo ter a relação. Por exemplo, se o comportamento é voluntário ou por se ter medo de perder o(a) namorado(a).
             Se é agradável para ambos ou se resulta apenas na satisfação de um só.
             A contracepção (como prevenir-se de uma gravidez indesejada, que pode acontecer mesmo na primeira vez).
             As infecções sexualmente transmissíveis, principalmente a SIDA, Hepatites, Herpes, HPV, etc.
             A importância do uso do preservativo, sobre como usar (colocar, comprar, etc...).
             O lugar e o momento (privacidade e higiene) da relação (na casa dos pais dela, dele, no carro, etc.).
             Se ambos são capazes de se envolverem em preliminares e falar acerca do que lhes agrada, excita ou não no corpo de cada um e do outro.
             Se existe afecto ou se o sexo é apenas um meio de provar algo.
             Reflectir sobre as pressões familiares e sociais.
  Todos estes aspectos devem estar claros para os dois porque são importantes e porque ajudam a atenuar a ansiedade e a preocupação na hora da relação. Por exemplo: ficar a pensar na hora da relação coisas do tipo: “E se a mãe dela voltar para casa...?”, ou “E se eu engravidar?” Produz muita ansiedade, podendo na hora da relação tudo se transformar numa experiência negativa.

  Ainda assim, a “primeira vez” pode, fruto das expectativas, fantasias e ansiedade, não resultar tal e qual planeámos. Podemos encontrar algumas complicações. Quer o rapaz como a rapariga vão para a “primeira vez” cheios de expectativas e fantasias.
  Os homens ficam excitados com a fantasia (pensamento) ou a visão do corpo da mulher. Às vezes, ficam tão excitados que ejaculam antes da penetração (ou tão nervosos e ansiosos que não conseguem a erecção).
  As mulheres demoram mais que os homens para se excitar. Precisam de contactos, beijos e carícias do parceiro, até que a vagina se abra e produza um liquido lubrificante (se a mulher ficar muito nervosa, a vagina pode ficar seca e fechada e, se forçar a penetração, pode doer). A mulher pode estar muito ansiosa e apreensiva e não relaxar, podendo mesmo estar a sentir “culpa” ou preocupada em “perder a virgindade”. Usualmente, a mulher não vai sentir o orgasmo na primeira relação.
  Os dois devem conversar sobre isso, explicar e perguntar onde e como cada um sente mais prazer. Ambos precisam de um tempo e novas experiências para conhecer o próprio corpo e o do parceiro, conhecerem-se um ao outro, as melhores formas de estimulação, as posições “certas”, o controlo da ansiedade, etc...
  Na primeira relação sexual, a maioria das pessoas tem medo de não “acertar” como se existisse um manual ideal de fazer sexo!!! A nossa fantasia de como é a relação sexual deve-se a filmes, livros, relatos exagerados dos amigos (“Foi muito difícil”; “Eu não senti nada de especial”; “Acho que foi muito bom”), que nem sempre correspondem à realidade. Mas, na verdade, cada casal vai encontrar a sua forma, a sua maneira mais sensual de fazer sexo. Por definição, a virgindade é não ter tido nenhuma relação sexual (tipo coito pénis-vagina). Mas, seja como for, na primeira relação sexual com o coito (penetração) há o rompimento do hímen e muitas pessoas sentem ansiedade e medo desse rompimento, achando que vai doer muito, hemorragias abundantes, etc.
  O hímen, que é uma película fina, não tem função biológica, porém parece ter uma função “moral”, pois a nossa cultura tende a relacionar a presença do hímen à virgindade sexual. Isso, no entanto, é uma adequação, pois o hímen existe de diferentes formas (uma delas é tão elástica que não se rompe na penetração) e, às vezes, pode romper-se de outras maneiras: uso de tampão e prática de hipismo, por exemplo.
  Algumas raparigas sentem dor na primeira relação sexual porque o seu hímen está intacto e rompe-se com a penetração. Pode haver até uma pequena/média hemorragia vaginal. Mas não é nada de alarmante ou insuportável.
  Algumas pessoas nem percebem a ocorrência dessa hemorragia, seja porque essa hemorragia pode variar, dependendo do tipo de hímen, podendo mesmo já ter sido rompido parcialmente em outras tentativas de penetração. Isso significa que é falso que a mulher deverá sangrar quando perde a virgindade. Outra ideia falsa e que é importante clarificar, é que na primeira vez a mulher não engravida. A probabilidade de uma mulher engravidar na primeira vez é igual à das restantes vezes que se tiver relações sexuais. Assim como, tem a mesma de contrair doenças sexualmente transmissíveis.
  Em suma, a primeira vez é diferente de pessoa para pessoa e varia com o grau de confiança/compromisso, intimidade e paixão/atracção física que se tem com o companheiro (a). Quanto maior for a intensidade destas três coisas, melhor será a relação amorosa, e maior será a probabilidade de que a primeira vez seja uma experiência diferente e positiva.
  Para terminar é importante salientar que SE PODE ENGRAVIDAR:
             Na primeira vez que se tem relações sexuais;
             Mesmo se se tiver relações sexuais de pé;
             Mesmo se se tiver relações sexuais durante o período menstrual;
             Mesmo se a rapariga não chegar ao orgasmo;
             Mesmo se o pénis não penetrar na vagina, mas o rapaz ejacular perto da vulva;
             Mesmo se o rapaz tirar o pénis antes da ejaculação.
  Além disso, PODE HAVER RISCO DE TRANSMISSÃO DE UMA INFECÇÃO:
             Mesmo que o parceiro ou a parceira não pareçam doentes;
             Mesmo que nunca saiba que tem uma infecção;
             Mesmo que esteja muito apaixonado.
  Por isso, para nos protegermos de uma gravidez indesejada e de uma infecção sexualmente transmissível, é indispensável o uso de preservativo, e de preferência associado ao uso de outro método contraceptivo (ex. Pílula).